ATA DA
QÜINQUAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA LEGISLATURA, EM 26.11.1992.
Aos vinte
e seis dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e dois reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Qüinquagésima Segunda Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e quinze minutos,
constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Doutor Fernando Antonio Lucchese,
concedido através do Projeto de Lei do Legislativo n° 97/92 (Processo n°
1199/92), do Vereador Wilson Santos. Após, o Senhor Presidente convidou os
Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades
presentes. Compuseram a Mesa Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre; Senhor Olívio Dutra, Prefeito municipal; Doutor Fernando
Antonio Lucchese, Homenageado; Senhora Janir Lucchese, esposa do Homenageado;
Senhor Valter Seabra, Cônsul Honorário da República Dominicana; Doutor Rubem
Rodrigues, Diretor Presidente da Fundação Universitária de Cardiologia do Rio
Grande do Sul; Senhor João Schmidt, Diretor Presidente do Grupo Plaza; e
Vereador Wilson Santos, Secretário da Casa. A seguir, o Senhor Presidente
convidou a todos para, de pé, ouvirem o Hino Nacional. Após, manifestou-se
acerca da homenagem e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da
Casa. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, saudou os presentes e
disse que sentia um pouco de inveja do Vereador Wilson Santos pela proposição
justa, inteligente e absolutamente correta do Título de Cidadania de Porto
Alegre a Fernando Antonio Lucchese que tem sabido levar o nome desta Cidade, na
área da medicina, para além das nossas fronteiras. Falou da participação
marcante na presente solenidade da família do Homenageado. O Ver. Omar Ferri,
em nome da Bancada do PDT, falou que o Homenageado era uma das maiores
expressões do setor médico do Estado e do Brasil e que seus valorosos e
brilhantes estudos e trabalhos produzidos de caráter profundamente científico,
são de grande valorização para a medicina do coração. O Vereador Giovani
Gregol, em nome da Bancada do PT, disse que os trinta e três Vereadores desta
Casa, como fiéis e legítimos representantes do povo desta Cidade, costumam
prestar homenagens a figuras de todas as áreas de atuação humana que
engrandecem Porto Alegre. Disse que a presente Sessão Solene era motivo
especial de regozijo e falou do trabalho do Homenageado, reconhecido
internacionalmente. Falou sobre o que é realizado no Instituto de Cardiologia,
local onde o Doutor Lucchese atua, e discordou sobre o humanismo ali
encontrado. O Vereador Clóvis Brum, em nome da Bancada do PMDB, disse que a
presente Sessão Solene era o reconhecimento da competência, capacidade de amar,
dedicação e cultura do Doutor Fernando Lucchese à profissão que escolheu.
Disse, ainda, que a Cidade estava contente, que a presente homenagem era justa
e o Homenageado no rol daqueles que recebem o Título Honorífico pelo
desprendimento, trabalho, humildade e pela grande obra que realiza em prol de
seus próximos. O Vereador Wilson Santos, proponente e em nome das Bancadas do
PL, PTB e PPS, saudou os presentes e disse que esta data ficará marcada na
história de Porto Alegre. Disse que a aprovação do Projeto de Lei que concedeu
este Título a Fernando Lucchese foi um dos atos mais justos e perfeitos levados
a efeito por este legislativo. Discorreu sobre o currículo profissional do
Homenageado na área da cirurgia de coração. Disse, ainda, que os oradores que o
precederam, independente de partido político, fizeram justiça aos méritos do
Doutor Lucchese, ligados diretamente a preservação da vida humana. Após, o
Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem a entrega do Diploma
e da Medalha ao Doutor Fernando Antonio Lucchese pelo Prefeito Municipal e pelo
Vereador Wilson Santos, respectivamente. A seguir, o Senhor Presidente concedeu
a palavra ao Senhor Fernando Antonio Lucchese que agradeceu a homenagem
prestada pela Casa e a presença de familiares, amigos e colegas. Discorreu
sobre a sua vida de cirurgião e falou sobre o triste quadro da saúde no país.
Às dezoito horas e vinte e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
declarou encerados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de manhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e secretariados pelo Ver. Wilson
Santos, 2° Secretário. Do que eu, Wilson Santos, 2° Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelo Senhor Presidente e 1° Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Como Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, tenho a honra de abrir os trabalhos desta
Sessão Solene, que a requerimento do Ver. Wilson Santos, Líder da Bancada do
Partido Liberal nesta Casa, destina-se à concessão do título de cidadão de
Porto Alegre ao Dr. Fernando Antonio Lucchese.
Gostaria também e destacar a honra de contar nesta Sessão,
entre outras autoridades, com o Presidente da Companhia Jornalística Caldas
Júnior, Dr. Renato Ribeiro e sua esposa, e de saudá-los a todos.
Antes dos pronunciamentos, convido os presentes para que, em
pé, ouçamos a Execução do Hino Nacional Brasileiro.
(O Hino
Nacional é executado.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaria em nome da
Câmara Municipal agradecer a presença de todos que nos prestigiam especialmente
colegas familiares do Dr. Fernando Lucchese, funcionários do Instituto de
Cardiologia e particularmente os pacientes do Dr. Fernando que aqui esteja,
paciente de cirurgião, vivo e saudável mostra a competência do homenageado. A
concessão de título de cidadania de Porto Alegre, com base na legislação do
Município é dado a pessoas não nascidas na Cidade e que se destacam em seus
ramos de atividades. É uma honraria prestada pela Câmara Municipal, e no caso
do Dr. Fernando Lucchese por iniciativa do Ver. Wilson Santos obteve, como não
poderia ser de outra forma a unanimidade desta Casa e hoje teremos, através do
proponente e do Prefeito Olívio a entrega do Título e da medalha de cidadão de
Porto Alegre ao Dr. Fernando Lucchese. E sem querer fazer trocadilho com a
profissão honrada e a competência do cirurgião que hoje é homenageado; A partir
da cidadania a Fernando Lucchese o coração de Porto Alegre vai bater mais
forte, mais alegre.
Com a palavra, para saudar o nosso homenageado, o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO DIB: Exmo Ver. Dilamar Machado,
Presidente da Câmara Municipal; meu caro Prefeito Olívio Dutra; querido
homenageado Fernando Lucchese e sua esposa Janir Lucchese; meu caro Valter
Seabra, Cônsul Honorário da República Dominicana. Amigos e familiares do nosso
querido homenageado Fernando Lucchese. Srs. Vereadores, meus senhores, minhas
senhoras.
Vou para o meu sexto mandato como Vereador e nenhuma vez eu
propus um Título de Cidadão de Porto Alegre, mas hoje eu sinto um pouco de
inveja do Ver. Wilson Santos pela proposição justa, inteligente e absolutamente
correta do Título de Cidadania de Porto Alegre a alguém do porte de Fernando
Lucchese que tem sabido elevar o nome de Porto Alegre, o nome da medicina
gaúcha além das nossas fronteiras. Realmente é absolutamente merecido o Título
e por isso a unanimidade da Casa o aprovou. O Dr. Lucchese te, se destacado em
todas as suas atividades em todas as horas do dias, tem buscado dar promoção à
saúde eliminando a doença a até se antecipando á doença porque isto é a melhor
forma de preservar a saúde. Com simplicidade, com competência, com
tranqüilidade, com responsabilidade nós ouvimos o Dr. Fernando Lucchese falando
no rádio, falando na televisão, dizendo para o homem comum tudo aquilo que ele
deve fazer para que a sua saúde seja preservada. Isto não tem dia e não tem
hora! Dr. Fernando Lucchese é um jovem, mas há de continuar muito tempo porque
também é um homem inteligente e eu repito muitas vezes que os mais inteligentes
não envelhecem, acumulam juventude e ao acumular juventude acumulam experiência
e essa experiência que ele acumula e transmite com seu sorriso e com a sua
seriedade e competência, faz com que todos nós tenhamos oportunidade de viver
melhor. Então o nosso homenageado de hoje chega a este Plenário cheio de amigos
e familiares e recebe uma homenagem, mas Dr. Fernando Lucchese sabe na sua
simplicidade que ninguém recebe uma homenagem sozinho. Não fora a paciência da
Dona Janir; a solidariedade da Dona Janir; o carinho da Dona Janir, o aplauso
da Fernanda e do Patrick, talvez, ele tivesse aquele sorriso permanente que ele
tem ali. Então, a família também está recebendo essa homenagem hoje; os amigos
também estão recebendo um pouquinho desta homenagem porque o Dr. Fernando
Lucchese é um médico e nós gostamos dos médicos até preferimos não utilizar os
seus serviços mas nós gostamos muito deles e ele como médico sabe muito bem que
se ele puder curar ele vai curar, vai fazer todo o esforço neste sentido; se
ele não puder curar vai aliviar e se não puder ainda vai consolar e é isso Dr.
Lucchese que nós queremos: que continue o mesmo jovem, sempre bem disposto,
sempre pronto a auxiliar o seu semelhante, sempre preocupado com o seu
semelhante e que Porto Alegre está lhe dizendo que acredita no seu trabalho e
esta homenagem significa que Porto Alegre vai viver ainda mais nesse trabalho
mas como eu disse a Dona Janir, a Fernanda e ao Patrick com este auditório
maravilhoso, que estas pessoas sozinhas constituem, hão de dar os aplausos
necessários para continuar sendo o Fernando Lucchese que é. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao
Ver. Omar Ferri que falará pela Bancada do PDT da qual é Líder nesta Casa.
O SR. OMAR FERRI: Exmo Sr. Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Dilamar Machado; Exmo Sr. Prefeito Municipal
de Porto Alegre, Dr. Olívio Dutra; Exma Srª Janir Lucchese,
esposa do homenageado Dr. Fernanado Antônio Lucchese, Srs. Vereadores, meus
Senhores, minhas Senhoras, demais autoridades aqui presentes. É com muita honra
que em meu nome pessoal e em nome da Bancada do Partido Democrático Trabalhista
nesta Casa, do qual eu sou Líder, venho me associar a este Requerimento
apresentado, no Plenário da Câmara de Vereadores, em boa hora pelo Ver. Wilson
Santos, Líder da Bancada do Partido Liberal, que concede o título honorífico de
Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Antonio Lucchese, uma das maiores
expressões do setor médico do Estado, do Brasil, homem que tem honrado seus
concidadãos, seus colegas, sua família, sua comunidade, sua Cidade, seu Estado
e porque não dizer também honra que é distribuída por todo este País, até em
caráter internacional pelos seus valorosos e brilhantes estudos e trabalhos produzidos
de caráter, profundamente, científicos e de grande valoração para a medicina de
coração. Por isto que V. Exa. mereceu a consagração deste título, e merece
muito mais, o aplauso da minha Bancada, dos cidadãos de Porto Alegre; parabéns
ao senhor Dr. Lucchese, a sua senhora, parabéns que estendo a toda sua família,
desejando muitos votos de felicidade, e vejo no seu semblante, na sua juventude
que, ainda, este Estado haverá de lucrar muito pelo seu prestigioso trabalho em
prol dos setores da cultura, da ciência e da medicina do nosso Estado. E, aqui,
Dr. Lucchese, senhores e senhoras um demonstrativo das participações do Dr.
Lucchese, médico, em Seminários, Encontros, em Simpósios, nesta Cidade, no
Brasil, em locais internacionais. Vejo aqui no seu currículo com mais de 50
cursos especiais, quase 30 livros publicados e a participação de mais de 140
congressos em todos o mundo. Só por estes detalhes dá para se perceber a grande
importância que tem este cidadão entre nós, e com relação à ciência médica em todo
o mundo. Parabéns para V. Exa.. A Cidade de Porto Alegre se sente muito
honrada; nos sentimos muito gratificados. Esta é mais uma solenidade muito
histórica para nós, porque consegue com rara felicidade, destacar um dos
membros mais brilhantes da nossa coletividade. Não apenas no setor médico, pois
teve condições de verificar o trabalho empreendedor de Vossa Excelência no
Instituto do Coração desta Cidade, readaptando e dando condições para que ele
melhormente atendesse os objetivos que sua criação propôs. Vi o espírito
altamente empreendedor de V. Exa., o reflexo dos seu ideais; vi que Vossa
Excelência, além construir a sua vida em largas expressões de espírito, também
constrói a grandeza da Cidade e a grandeza do Estado do Rio Grande do Sul.
Parabéns a sua Senhora, Dr. Lucchese, parabéns à sua família, parabéns V. Exa.
realmente é merecedor deste Título Honorífico de Cidadão que em tão boa hora
esta Câmara lhe concede. Meu parabéns. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Giovani Gregol que falará em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre Ver. Dilamar Machado; Exmo Sr. Prefeito Olívio
Dutra; Exmo Sr. e Srª Dr. Fernando Lucchese, motivo
desta Sessão, agora e hoje; Vereadores, Autoridades, Senhores e Senhoras
presentes: nós 33 Vereadores desta Casa, como fiéis e legítimos representantes
eleitos do povo desta Cidade, portanto da nossa comunidade costumamos, às
vezes, de tanto em tanto, prestar, através de homenagens e sessões solenes
deste tipo, o nosso pendor, o nosso reconhecimento a figuras de todas as áreas
de atuação humana que engrandecem a nossa Cidade. Elas, pelo seu trabalho, pela
sua dedicação, pela sua existência. Mas sem dúvida, e sem demérito de outras, o
Dr. Fernando Lucchese é, para nós, um especial motivo de regozijo. É uma honra
para mim aqui falar não só em nome pessoal mas em nome dos Vereadores da
Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, que é a Bancada, junto com a
Bancada do PPS, que dá sustentação ao Governo, ao Governo Olívio Dutra, aqui
presente, da Administração Popular. Quero fazer menção muito especial ao Ver.
Clovis Ilgenfritz, que está presente, e que me disse ser seu amigo, de infância
e de juventude, de sua família, mas que permitiu, por solicitação minha, para
que eu pudesse fazer este discurso. Porque também desejo falar com o coração. O
Dr. Lucchese, já tive oportunidade de conhecê-lo, pela imprensa, mas há onze
anos atrás, já no Instituto de Cardiologia, chefiou a equipe que operou uma
pessoa muito importante para mim, o Antônio Paulino Gregol, que é meu pai. E há
poucos dias, o Dr. Lucchese, na quarta-feira da semana passada, pela segunda
vez consecutiva operou Antônio Paulino Grego, meu pai, no mesmo Instituto de
Cardiologia. E a nossa família, a família Gregol, já é sua amiga, freqüentadora
do Instituto de Cardiologia, apesar de hospital não ser o lugar que gostemos de
freqüentar. Mas não entramos no Instituto de Cardiologia com aquele medo, com aquele
temor com que entrávamos antes, porque sabemos que os nossos parentes, os
nossos amigos estão excelentes mãos. E a operação, como não podia deixar de
ser, foi muito bem sucedida, apesar de complicada. E ontem ainda meu pai voltou
a sua casa. Está muito bem neste momento, ele mandou um abraço ao Dr. Lucchese
e disse: "Olha, guri, tu falas em nome da Bancada e manda um abraço lá
para o nosso amigo, diz que está tudo bem comigo." Então estou cumprindo
esta função da qual ele me encarregou. Mas vejam bem, eu conheço a obra, tenho
esta felicidade de ter compartilhado com o Dr. Lucchese e conheço uma parte da
sua obra, mas que parece expressiva, que é justamente o Instituto de
Cardiologia. Nós sabemos que o Dr. Lucchese trabalha em outros lugares, nós
sabemos que ele é reconhecido internacionalmente, mas quando nós entramos, por
qualquer motivo, e freqüentamos o Instituto de Cardiologia, nós sentimos ali,
no Instituto, uma parte das intenções, do trabalho, do dia a dia, do esforço do
Dr. Lucchese e da equipe com a qual ele trabalha e que geralmente ele chefia
naquele Instituto. Nós vemos que ali está um centro de alta tecnologia. Porque
fazer o que é feito ali, o que se faz, as vidas que se salvam, desde crianças
de algumas semanas de idade, há centenas, até pessoas de idade, como e o caso
do meu pai, e quando não podem, quando têm recursos graciosamente, resolver
aqueles problemas, salvar aquelas vidas, é necessário um aporte, um domínio de
tecnologia muito grande. E hoje o Instituto de Cardiologia é o centro de
referência, não só da América do Sul ou Latina, mas internacional nesta questão
das cirurgias, dos tratamentos, enfim, das cardiopatias, principalmente através
de recursos cirúrgicos. Só por isso nós já deveríamos render homenagem ao Dr.
Lucchese, porque isso é muito, isso é demasiado. Isto é uma honra e uma
felicidade para a Comarca de Porto Alegre, poder contar com um centro de
excelência desta grandeza, e também saber que aqui, quando for necessário, os
nosso parentes e até nós mesmos poderemos contar com esse serviço. Mas
observando o que é feito lá, aquilo que nós menos assistimos com parentes
nossos, nós vemos que, não só a frieza da razão da ciência ali se dá e impera,
mas que também ela é equilibrada e temperada com um grande senso de humanismo, e
isso eu quero destacar, porque é impossível realizar uma tarefa daquele tipo,
fazer aquilo que é feito lá, tratar as pessoas daquela forma, salvar aquelas
vidas, e são tantas vidas que se salvam ali, aos milhares a cada ano, de
pessoas que duram, às vezes, décadas, de crianças, pessoas que vão vir a
falecer, quando de idade, por outros motivos, e, resolvem totalmente as suas
doenças cardíacas. E isso não poderia ser feito sem humanismo, para resumir-se
em um grande sentimento de amor. E me parece, para concluir, que é disso, é
deste exemplo, sobretudo, que o nosso mundo hoje, o nosso país, a nossa Cidade
também tanto precisa, tanto carece, em tempos tão conturbados, de tanta
violência, tanta confusão, tanta incerteza sobre o nosso futuro pessoal, dos
nossos entes queridos e da nossa Pátria, e até digo isso como ecologista que
sou, do nosso planeta. Porque nenhum homem é uma ilha e a nossa Cidade
compartilha os destinos do nosso planeta Terra, que hoje não tem grandes
perspectivas. Só através, no meu entender, desse equilíbrio entre a razão, a
ciência, a técnica dominada pelo homem, e em função dele, equilibrada por um
grande sentimento de amor por esta mesma pessoa humana que nós vamos conseguir
ter um futuro, pelo menos digno, em futuro para nós e para as próximas
gerações. E é em Fernando Lucchese que a Câmara de Vereadores enxerga um dos
autores, um dos arautos deste tipo de proposta, deste tipo de teoria e mais de
prática cotidiana.
Dr. Lucchese, parabéns ao Senhor parabéns a sua Senhora, a
sua família, aos seus amigos, entre os quais nos incluímos, estamos todos de
parabéns. Muito obrigado, que continue prestando serviços e fazendo o que o
Senhor já faz e que gosta tanto de fazer. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao
Ver. Clóvis Brum, para falar em nome da Bancada do PMDB, de qual é Líder neste
Legislativo.
O SR. CLÓVIS BRUM: Ilustre companheiro,
Ver. Dilamar Machado, digníssimo presidente desta Casa; Exmo. Prefeito Olívio
Dutra, prefeito de Porto Alegre; casal homenageado, Dr. Lucchese e Sra.; Srs.
Vereadores; Srs. Convidados; Familiares do nosso casal homenageado; meus
senhores e minhas senhoras, a nossa presença nesta Tribuna, é tão somente para
em nome do PMDB, transmitir ao Dr. Lucchese a nossa saudação, os nossos
cumprimentos e o desejo de que a sua caminhada continue a exemplificar a vida
do médico, do homem chefe de família, da abnegação e do amor. Não poderia ter
sido mais feliz o nobre Vereador Wilson Santos ao propor esta homenagem, porque
Porto Alegre, através da Câmara Municipal, resgata ao homenageado o
reconhecimento que já era notório internacionalmente. Quando a Cidade dá o
título de cidadão a esse jovem médico, eu não tenho outros recursos, na
humildade da nossa oratória, senão para frasear em partes Anjel Jara, e dizer
Dr. Lucchese, examinando, imaginando aqui, onde mais pacientes do homenageado
estão presentes, examinado, neste momento, onde muito médicos vêm lhe trazer a
solidariedade, o reconhecimento e a homenagem, examinando, aqui, o que será do
Dr. Lucchese no silêncio da sua cirurgia, quando suas mãos firmes, é verdade,
mas a angústia na tentativa de salvar uma vida, aquela ansiedade, aquela luta
de dar àquele ser humano mais um ano de vida, como será dramática este luta, e
aí as suas mãos deslizam de tal maneira que, sem dúvida nenhuma, Dr. Lucchese
se comporta como os pássaros que se orientam no meio das tormentas e das
tempestades. Que extraordinário momento para o médico é este momento, em que
ele, homem, em que ele, médico em que ele, pessoas humana dá tudo de si para
salvar o seu próximo. A Cidade resgata com esta homenagem, Dr. Lucchese, aquilo
que o exterior já conhece de competência, de capacidade, de amor, carinho,
dedicação e de cultura, mas eu diria mais, Dr. Lucchese, nesta tarde
verdadeiramente engalanada de triunfo, onde seu pai, sua esposa, sua família,
assiste à Cidade de Porto Alegre ao homenageado, eu diria mais, para mim o Dr.
Lucchese é o tipo daqueles homens que tem alguma coisa dos anjos, pela
simplicidade dos seus cuidados, e aí eu acrescentaria, Dr. Lucchese, e muito de
Deus, pela imensidão do seu amor, dizia o orador que me antecedeu, que o Dr.
Lucchese, jovem Dr. Lucchese, pois eu digo a V. Exa. João Dib, realmente o
jovem Dr. Lucchese na sua juventude tem a sabedoria dos anciãos e quando tiver
na velhice terá a alegria dos jovens e a missão cumprida. A Cidade está
contente, a homenagem é justa e V. Exa., Dr. Lucchese, ingressa no rol daqueles
que recebem a cidadania da Cidade pelo desprendimento, pelo trabalho, pela
humildade e pela grande obra que realiza em prol de seus próximos. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O último orador inscrito
neste período da Sessão é o autor da proposição "Concessão de Título de
Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Antonio Lucchese”, Ver. Wilson Santos,
que fala em nome do Partido Liberal, do qual é Líder nesta Casa, também em nome
da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro e do Partido Popular Socialista.
O SR. WILSON SANTOS: Exmo Sr. Presidente da
Câmara de Porto Alegre, Vereador Dilamar Machado. Exmo
Sr.
Prefeito de Porto Alegre, Dr. Olívio Dutra. Nosso caríssimo homenageado,
Fernando Antonio Lucchese e esposa Janir.
Dia 26 de novembro de 1992: uma data que ficará marcada na história
da Cidade de Porto Alegre - a concessão do título honorífico de Cidadão de
Porto Alegre a Fernando Antonio Lucchese. (Lê.)
“A aprovação do Projeto de Lei que concedeu este título de
Cidadão de Porto Alegre foi um dos atos mais perfeitos e justos levado a efeito
pelo Parlamento da Capital gaúcha.”
Nesta contextura, onde a humanidade ressente o desgaste dos
padrões éticos e morais. Campo receptivo para o crescente aumento da corrupção,
da burla e da hipocrisia, há que se esforçarem os homens de bem, para
reverterem esta situação.
Uma das iniciativas, por singela que pareça, para o resgate
do bons padrões de comportamento humano é provar que nem tudo está perdido, que
ainda vale a pena lutar, que a decência, a dignidade e a honradez ainda
existem.
Deus deu-me a necessária inteligência e a oportuna e correta
inspiração para buscar um bom exemplo de virtude humana, para exibi-lo como
exemplo aos que desejam construir uma sociedade melhor.
São Mateus, capítulo 23, versículo 25 a 28: "Aí de vós,
escribas e fariseus hipócritas, que limpai por dentro o copo e estais por
dentro cheios de rapinas e impurezas! Fariseus cegos, limpai primeiramente o
interior do copo, a fim de que também o exterior fique limpo. Ai de vós,
escribas e fariseus, que vos assemelhai a sepulcros branqueados, que por fora
parecem belos aos olhos dos homens, mas que por dentro estais cheios de
podridões. Assim, pelo exterior parecei justos aos olhos dos homens, mas por
dentro estai cheios de hipocrisias e indignidades."
Nesta lição moral de Cristo, nesta linguagem metafórica está
um chamamento de atenção para a eliminação das hipocrisias, das falsas
aparências, razão da minha convicção de acerto ao propor a Câmara de Vereadores
o nome de Fernando Lucchese.
Fernando Lucchese, tu és copo limpo por dentro e por fora.
Teu conteúdo humanístico é grandioso; teu exemplo é construtivo. A Cidade de
Porto Alegre só pode orgulhar-se de escolher tão notável cidadão, que através
do seu trabalho profissional tem levado o nome da Cidade além-fronteiras do
país.
O bom currículo de Fernando Lucchese é por demais extenso e
eu faço, aqui, apenas alguns registros - se bem que dois registros já foram
feitos pelo Ver. Omar Ferri - : mais de 50 cursos específicos; 28 livros
publicados; 125 publicações técnicas em períodos; 76 trabalhos em eventos
científicos; 203 trabalhos publicados; 134 participações em congressos no
Brasil e 39 no exterior; proferiu 200 conferências no Brasil e 23 no exterior;
foi realizador da primeira cirurgia de coronária no Rio Grande do Sul em 1970;
um dos idealizadores do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul em 1970.
Um dos idealizadores e criadores do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do
Sul. Em 1989 recebeu em Porto Rico o Prêmio "Young Investigatin
Award". Destaque também no Jornal do Comércio em 1990.
Tão certa estava a nossa proposição, tão correta estava a
decisão desta Casa, que concedeu o Título por unanimidade, que recentemente a
Associação Médica do Rio Grande do Sul concedeu o Prêmio Destaque Médico 91/92
ao nosso homenageado. O olímpico trabalho de Fernando Lucchese está todo ele
ligado à preservação da vida humana. Lucchese, não reivindicaste este Título;
tu o mereceste e o conquistaste ao amealhar na tua vida todos esses méritos. Eu
tenho um orgulho particular de ser autor e ter acompanhado a tramitação do
Projeto de Lei nesta Casa. e eu pude ver agora num conteúdo político. Eu, como
liberal, que mantive tão acirrados debates e tantas iniciativas polêmicas na
intransigente defesa da livre iniciativa, da economia de mercado; tanto da
inexistência de privilégio para que exista igualdade de todos perante a lei,
para diminuir o gigantismo do Estado e não sobrecarregar tanto os ombros dos
contribuintes com pesada carga tributária. Em muitas iniciativas que nós
tivemos aqui, muitas vezes nos digladiamos acirradamente até com animosidade;
discutimos. Brigamos, isso foi exercício da democracia. Mas o que eu quero
dizer a todos os presentes é que quando eu citei o nome de Fernando Lucchese,
eu pude ver que cessou tudo, quando a antiga musa cantou, quando um valor maior
se levantou. Porque não houve de nenhuma corrente política o menor
senão, houve uma unanimidade absoluta. O Parlamento da Capital Gaúcha se
curvou, como quem se curva genuflexão diante da grandeza de Fernando Lucchese.
O Projeto foi aprovado por unanimidade. E puderam todos aqui aquilatar pelos
oradores que aqui estiveram, sejam eles liberais, estatizantes, socialistas,
não importa, que a bandeira maior que tremulou aqui foi da justiça que se fez
ao homenagear e se entregar o Título de Cidadão de Porto Alegre a Fernando
Antonio Lucchese.
Receba-o, Fernando Lucchese, este Título de Cidadão
Honorífico, de Cidadão de Porto Alegre é teu. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Neste momento eu convido
a todos os presentes para que em pé possamos assistir à entrega do Título e da
Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Lucchese e convidando para
tanto, respectivamente o Ver. Wilson Santos e o Prefeito Olívio Dutra.
(É
procedida a entrega do Título e da Medalha ao Dr. Fernando Lucchese.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra,
com muita honra, aos Cidadão de Porto Alegre Dr. Fernando Lucchese,
recomendando a S. Senhoria que controle o coração.
O SR. FERNANDO LUCCHESE: Exmo Sr. Presidente, Dilamar
Machado, Sr. Prefeito Olívio Dutra, Sr. Diretor-Presidente do Instituto de Cardiologia, Professor Ruben
Rodrigues, meu mestre, Diretor do Instituto de Cardiologia, Dr. Iran Castro,
Dr. João Polanezyk, da Santa Casa de Misericórdia; Professor Hens Sille,
Diretor do nosso Colégio Farroupilha, já parte da minha família; nosso
Presidente da Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul, meu caro amigo José
Ernesto Pascoto; nosso Diretor Regional do Unibanco, anteriormente Presidente
do Banrisul, Dr. Ricardo Russowski. Eu vejo também ao fundo meu caro amigo
Marchezan que me dá muita alegria em estar comigo hoje e vejo muitos amigos.
Vejo funcionários dos hospitais onde eu trabalho, companheiros de trabalho de
muitos anos. Vejo colegas médicos do Instituto de Cardiologia, aquela equipe
que há tantos anos constrói a Cardiologia do Rio Grande do Sul. Vejo meus
jovens colegas do Hospital São Francisco, do Hospital Mãe de Deus. Meus
familiares. (Lê.)
“Chego à esta tarde e a esta Casa para receber o título de
Cidadão porto-alegrense após 27 anos de convívio com esta Cidade e sua gente. É
uma longa história de amor e encantamento que se concretiza agora, no momento
em que sou formalmente aceito como cidadão da Cidade que me adotou. Durante
anos fui guiado, amparado e suportado por muitas pessoas. Algumas já
desapareceram, outras estão presentes aqui nesta sala e ainda outras esperam
nos bastidores o seu momento de cena. Mas a todos devo muito e quero dividir
com elas esta homenagem.
Em Farroupilha, onde nasceu meus pais transmitiram-se o que
havia aprendido de seus antepassados imigrantes italianos, ascendência que me
honra sobremaneira pelo respeito ao trabalho e à dignidade do comportamento.
Com meus pais aprendi os princípios da religião que me levaram dos 10 aos 14
anos ao Seminário Nossa Senhora Aparecida em Caxias do Sul onde recebi na idade
correta formação humanista e cultura religiosa que tem sido útil a mim e a meus
pacientes.
Sorte ou coincidência tiraram-me de uma carreira diplomática
em perspectiva, lançando-me ao mundo fantástico da cirurgia cardíaca.
Preparava-me para o exame de admissão do Instituto Rio Branco, o primeiro
degrau na formação de diplomatas. No curso pré-vestibular em Curitiba um jovem professor de biologia discorreu
sobre circulação muitos familiares aqui presentes me dando muita alegria, meus
caros Vereadores, sem dúvida precisa ter coração muito forte para agüentar uma
cerimônia dessas, minhas senhoras e meus senhores, extracorpórea, a forma de
atuar dentro do coração sem perda de sangue, permitindo a correção de defeitos
cardíacos. Foram para mim minutos de encantamento que mudaram minha vida. No
dia seguinte o mesmo professor levou-me à Faculdade de Medicina da Universidade
do Paraná para assistir o procedimento feito em um animal de laboratório, um
cão. Voltei para a Casa e comuniquei aos meus pais atônitos que eu faria
cirurgia cardíaca e por isto seria médico. O jovem professor chamava-se Décio
Kormann, é hoje a maior autoridade latino-americana em marcapassos cardíacos e
faz parte da equipe cirúrgica do Dr. Adib Janete, mestre de todos nós.
A sorte e o amor fizeram-me encontrar Janir com quem casei.
Ela se tornou para mim exemplo de companheira constituindo-me um lar impecável
e dando sentido e objetivos claros para a minha vida.
Janir presenteou-me com Patrick e Fernanda, minhas duas
jóias mais preciosas que me estimularam a trabalhar incansavelmente para
servir-lhes de exemplo e merecê-los como pai.
A vida tem sido generosa para mim pois me trouxe a este dia
cercado por tantos amigos para receber a cidadania da Cidade que adotei. Esta
Cidade que acompanho diariamente no seu florescimento de idosa menina, na qual
me fiz profissional, tendo aqui chegado no dia do vestibular para a Faculdade
de Medicina. Porto Alegre significa para mim, medicina, a minha profissão. Foi
aqui que em 4 de dezembro de 1970, com a idade de 22 anos recebi o diploma que
me permitiu conhecer tão de perto a tantos porto-alegrenses. Foi aqui, que
desempenhei a minha vida médica no Instituto de Cardiologia desde a sua
construção em 1969, e ao qual dediquei e ainda faço, a parte mais produtiva de
minha vida, como quem finalmente
encontrou sua Casa. Minha vida profissional em Porto Alegre faz-me atuar em
outros hospitais. No hospital Nossa Senhora Conceição onde organizei e
inaugurei o Instituto do Coração em 1975, no Hospital Mãe de Deus onde ainda
atuo e onde organizei e dirijo o Serviço de Cardiologia. E finalmente no
Hospital São Francisco da Santa Casa de Misericórdia onde sou Diretor, após
tê-lo transformado em Hospital de Cardiologia, já o 2° centro da especialidade
no Estado.
Tive a sorte de encontrar no meu caminho bons professores,
colegas sérios, dedicados, bons profissionais, que me estimularam a crescer.
Nosso grupo cirúrgico do Instituto de Cardiologia trabalha e convive há quase
25 anos. Introduzimos juntos em nosso meio alguns dos avanços da ciência médica
que beneficiaram a mais de 13 mil pacientes operamos ao longo destes anos. Mais
recentemente no Hospital São Francisco cercado pelos mais jovens, tenho
aprendido novas lições de trabalho e confiança no futuro.
Não posso deixar de mencionar os funcionários de todos os
níveis, principalmente do Instituto de Cardiologia e Hospital São Francisco.
Fui cercado pelo carinho e amizade de todos, vejo tantos deles aqui presentes
hoje, eles tornaram minha luta muito mais fácil. Meu sucesso é o sucesso deles.
Uma parcela importante desta homenagem lhes pertence.
Nós médicos privilegiados pois somos pagos pelo sentimento
mais nobre, que é o da gratidão. Acompanhamos pelo resto da vida a confiança e
a admiração de nosso pacientes. Não a recompensa material que supere este
sentimento. O paciente é o centro da nossa atenção, o motivo principal de nosso
trabalho e da busca do conhecimento. Por isso quero dividir com meus pacientes
a homenagem que recebo hoje. E pelo número deles que vejo aqui, nesta sala
observo com alegria que eles também reconheceram esta homenagem como sua.
Meu prezado Vereador Wilson Santos.
Trazido a esta Casa e a este momento edificando e festivo
por suas mãos, confirmo a admiração e o respeito pelo seu trabalho e pelas suas
idéias, as quais V. Exa. defende de modo incansável e meritória. Ouvindo a
manifestação de seus colegas de outros partidos sinto crescer minha
responsabilidade de homem e profissional, agora cidadão da Cidade que me
abrigou. Espero que a indicação de meu nome para esta harmonia, a qual aceito
com humildade, traga-lhe por todos os anos futuros satisfação e orgulho. Não
descansarei para que isso aconteça.
Sr. Prefeito Olívio Dutra. é uma honra para mim receber esse
título de suas mãos, um cidadão correto, um homem simples com uma sensibilidade
social incomum. Senhor Presidente Dilamar Machado. Meus caros amigos Vereadores
de diversos partidos que compõe a presente Legislatura. Esta Casa tem sido a
guarida dos humildes e isto a dignifica. Os mesmos pobres e humildes com quem
nós médicos convivemos no dia a dia de nossos hospitais. A missão que médicos e
políticos em um País carente é em tudo semelhante. Estranho país em que o exercício
pleno da cidadania é limitado pela fome e pela doença. Respeito e admiro seu
trabalho, na medida que o entendo e o valorizo. Numa sociedade como a nossa as
pessoas que dispõe de instrumentos devem colocá-los à serviço da comunidade.
Nós médicos com o conhecimento da cura e os senhores com o poder de estender o
manto protetor da lei sobre quem dela necessita o amparo. Agradeço suas
palavras e invoco a benção de Deus e a inspiração divina para que seus atos e
decisões aliviem o sofrimento dos humildes.
Impossível neste momento não enfocar o triste quadro da
saúde em nosso País. Com um ministério combalido dirigido em 10 meses por três
ministros diferentes e, pior do que isto, sem orçamento próprio, não seria de
esperar qualquer sucesso. Saúde e educação tem sido assunto para propaganda
eleitoral não saindo, porém, do discurso para a ação. O mau exemplo inicia com
nossos presidentes que nos discursos de posse nas duas últimas décadas
invariavelmente centraram no homem, na sua saúde, na sua educação, na recuperação
da sua dignidade a meta principal do Governo mas não a implementaram na
prática. O ministério mais forte sempre foi o da Economia, enquanto que o da
saúde não dispõe de orçamento próprio, o que equivale a dizer que o lobby da
doença é insignificante. No entanto, nem por isso ocorreram acertos na área
econômica a considerar o seu desempenho nos últimos 5 anos, com 10 ministros, 5
planos fracassados e 3 milhões por cento de inflação.
Infelizmente as doenças dos países pobres exijam tratamento
caros e como conseqüência maiores investimos no setor. A infecção das amídalas
leva à febre reumática, já erradicada no primeiro mundo e ainda o mais grave
problema de nossas crianças, pois como conseqüência válvulas cardíacas são
destruídas gerando ao longo da vida a necessidade de sua substituição por uma
prótese artificial. Calcula-se que mais de 800.000 brasileiros necessitam de
cirurgia para lesões valvulares cardíacas, sendo que muito poucos terão acesso
a ela. Infecções renais obrigam o uso de programas caros de hemodiálise para
filtragem do sangue e mais de 500 brasileiros morrem por mês por não terem
acesso ao tratamento. Estima-se que 80.000 deveriam estar em hemodiálise
enquanto só 18.000 se beneficiaram dela.
O quadro é mais grave ainda se falarmos nas epidemias que
voltaram a assolar o País após estarem muitas delas erradicadas.
As estatísticas mais otimistas indicam a presença entre nós
de 14 milhões de esquitossomáticos, 8 milhões de casos de malária, 800.000
leprosos, sem falar nos 30.000 aidéticos e nos 4.000 casos recentes de cólera.
Por falar em cólera, sua invasão do continente sul-americano
caracteriza bem a inversão de prioridades e o descaso pela saúde. O presidente
do Peru na época, Alan Garcia comprometeu grandes recursos e empréstimos internacionais
na construção de um trem elétrico que cortaria o país. A enorme dívida
existente gerada por esta e outras equivocadas levou à suspensão dos
investimentos em saneamento feitos pelo Banco Mundial que já há mais de uma
década financiava a construção de estações de tratamento de água. Pois uma das
primeiras obras canceladas foi justamente a estação hidráulica da pequena vila
de pescadores onde a cólera iniciou, dizimado milhares de peruanos e terminando
por invadir o Brasil.
Existem no Brasil 10 milhões de chagásicos. A doença de
Chagas destrói o sistema elétrico e muscular do coração, muitas vezes levando à
necessidade do implante de um caro marcapasso cardíaco. Aqui são feitos 60
implantes anuais de marcapasso por milhão de habitantes, enquanto nas
populações do 1° mundo onde o Chagas não existe, ocorrem mais de 200 implantes
por milhão de habitantes que é situação ideal. Estes números deixam a
descoberto a evidência de que milhares de pacientes chagásicos simplesmente
morrem sem o tratamento adequado.
Seu um caos maior não se estabeleceu no sistema é unicamente
pelo esforço pessoal dos membros da equipe da saúde, dos médicos, enfermeiros,
auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, farmacêuticos, administradores,
etc. Estes indivíduos levam para além de suas forças seu compromisso
profissional, mas não passam de timoneiros de um barco à deriva, lutando por
adiar o naufrágio. E nem sempre são compreendidos. Quase nunca obtém
reconhecimento público e geralmente recebem a culpa pelas ineficiências do
sistema numa clara confusão de responsabilidade. Mas isto é compreensível pois
tradicionalmente a humanidade crucifica seus santos vivos e venera seus santos
mortos.
Senhores e Senhoras. Apesar de tudo o País dos nossos sonhos
ainda pode ser construído, no exercício da cidadania, nos nossos atos diários
de amor por esta terra, no cumprimento da lei, na busca de seriedade de
propósitos, no trabalho digno e ardoroso. Duas metas devem ser claramente
definidas:
Primeiro: manter a fé na nossa gente, no nosso potencial, no
nosso futuro.
Segundo: lutar de todas as formas pela preservação da
liberdade que é um anseio intrínseco do ser humano. Liberdade de opção,
liberdade profissional, liberdade de mercado, preservação da livre iniciativa
em todos os campos, inclusive na área da saúde.
Eu vejo em minha frente um grande País. Soberano, altivo,
protetor com suas crianças, misericordioso com seus doentes. Vejo um País onde
os hospitais públicos serão cada vez mais competitivos, prestando sua
colaboração ao atendimento da população, e onde os hospitais privados terão
estímulos para o crescimento e atualização. Vejo um País onde a saúde e a
educação serão realmente prioridades, a paternidade consciente limitará a
natalidade, os bens gerados poderão ser distribuídos mais equanimente. Vejo um
país de uma nova geração educada em escolas de atendimento integral à criança e
ao adolescente. Vejo um país com menor mortalidade infantil e com sobrevida
média maior do que os atuais 65 anos. Sem discriminação, sem culto à miséria, sem
hipocrisia, sem mentiras. Vejo um país de homens dignos, de governantes e
políticos sérios e competentes. E vejo neste país o partido único da saúde e da
educação reunindo os homens de bom senso, de todos os credos políticos ou
religioso. Este é o país que nós todos queremos e que deveremos começar a
construir hoje mesmo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Dr. Fernando Lucchese, a
Câmara Municipal de Porto Alegre vive, indiscutivelmente, neste final de tarde
um momento extremamente importante, e como Presidente, e como participante da
vida pública deste País, há muitos anos, observei um por um dos discursos, e me
surpreende a clareza, a lucidez e a profundidade com que o médico, da
competência do nosso Cidadão, Fernando Lucchese, percorre os caminhos que
normalmente nós, políticos, percorremos. Dr. Fernando demonstra profundo
conhecimento deste País, do seu povo e eu gostaria em nome dos Vereadores de
Porto Alegre, e acredito que em nome da Cidade, com a permissão do Prefeito Olívio
Dutra, dizer que V.Exa. juntamente com o Prof. Ruben Rodrigues, Dr. João
Schmidt, para citar entre tantas autoridades médicas e da área da saúde,
presentes nesta Sessão, dignificam este País, esta Cidade, este Estado, pela
luz própria que têm e pela visão de deixar o discurso de V.Exa. a esta Casa,
nos Anais da Câmara Municipal, o caminho de proteção às populações humildes
desta Cidade deste País, sem dúvida a Câmara recolhe no discurso do Dr.
Lucchese profundo ensinamento de reflexão e retribuímos para que a Medicina em
nosso País, com todos os problemas que enfrenta continue tendo este pensamento
de figuras tão ilustres como o novo cidadão desta Cidade Fernando Lucchese.
Para encerrar a Sessão convido aos familiares amigos, colegas e clientes do Dr.
Lucchese que podem cumprimentá-lo junto a mesa dos trabalhos.
Declaro encerrada a Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 18h25min.)
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