ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 26.11.1992.

 


Aos vinte e seis dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Qüinquagésima Segunda Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Doutor Fernando Antonio Lucchese, concedido através do Projeto de Lei do Legislativo n° 97/92 (Processo n° 1199/92), do Vereador Wilson Santos. Após, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Olívio Dutra, Prefeito municipal; Doutor Fernando Antonio Lucchese, Homenageado; Senhora Janir Lucchese, esposa do Homenageado; Senhor Valter Seabra, Cônsul Honorário da República Dominicana; Doutor Rubem Rodrigues, Diretor Presidente da Fundação Universitária de Cardiologia do Rio Grande do Sul; Senhor João Schmidt, Diretor Presidente do Grupo Plaza; e Vereador Wilson Santos, Secretário da Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, ouvirem o Hino Nacional. Após, manifestou-se acerca da homenagem e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, saudou os presentes e disse que sentia um pouco de inveja do Vereador Wilson Santos pela proposição justa, inteligente e absolutamente correta do Título de Cidadania de Porto Alegre a Fernando Antonio Lucchese que tem sabido levar o nome desta Cidade, na área da medicina, para além das nossas fronteiras. Falou da participação marcante na presente solenidade da família do Homenageado. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PDT, falou que o Homenageado era uma das maiores expressões do setor médico do Estado e do Brasil e que seus valorosos e brilhantes estudos e trabalhos produzidos de caráter profundamente científico, são de grande valorização para a medicina do coração. O Vereador Giovani Gregol, em nome da Bancada do PT, disse que os trinta e três Vereadores desta Casa, como fiéis e legítimos representantes do povo desta Cidade, costumam prestar homenagens a figuras de todas as áreas de atuação humana que engrandecem Porto Alegre. Disse que a presente Sessão Solene era motivo especial de regozijo e falou do trabalho do Homenageado, reconhecido internacionalmente. Falou sobre o que é realizado no Instituto de Cardiologia, local onde o Doutor Lucchese atua, e discordou sobre o humanismo ali encontrado. O Vereador Clóvis Brum, em nome da Bancada do PMDB, disse que a presente Sessão Solene era o reconhecimento da competência, capacidade de amar, dedicação e cultura do Doutor Fernando Lucchese à profissão que escolheu. Disse, ainda, que a Cidade estava contente, que a presente homenagem era justa e o Homenageado no rol daqueles que recebem o Título Honorífico pelo desprendimento, trabalho, humildade e pela grande obra que realiza em prol de seus próximos. O Vereador Wilson Santos, proponente e em nome das Bancadas do PL, PTB e PPS, saudou os presentes e disse que esta data ficará marcada na história de Porto Alegre. Disse que a aprovação do Projeto de Lei que concedeu este Título a Fernando Lucchese foi um dos atos mais justos e perfeitos levados a efeito por este legislativo. Discorreu sobre o currículo profissional do Homenageado na área da cirurgia de coração. Disse, ainda, que os oradores que o precederam, independente de partido político, fizeram justiça aos méritos do Doutor Lucchese, ligados diretamente a preservação da vida humana. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem a entrega do Diploma e da Medalha ao Doutor Fernando Antonio Lucchese pelo Prefeito Municipal e pelo Vereador Wilson Santos, respectivamente. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Fernando Antonio Lucchese que agradeceu a homenagem prestada pela Casa e a presença de familiares, amigos e colegas. Discorreu sobre a sua vida de cirurgião e falou sobre o triste quadro da saúde no país. Às dezoito horas e vinte e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor declarou encerados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de manhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e secretariados pelo Ver. Wilson Santos, 2° Secretário. Do que eu, Wilson Santos, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e 1° Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Como Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, tenho a honra de abrir os trabalhos desta Sessão Solene, que a requerimento do Ver. Wilson Santos, Líder da Bancada do Partido Liberal nesta Casa, destina-se à concessão do título de cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Antonio Lucchese.

Gostaria também e destacar a honra de contar nesta Sessão, entre outras autoridades, com o Presidente da Companhia Jornalística Caldas Júnior, Dr. Renato Ribeiro e sua esposa, e de saudá-los a todos.

Antes dos pronunciamentos, convido os presentes para que, em pé, ouçamos a Execução do Hino Nacional Brasileiro.

 

(O Hino Nacional é executado.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria em nome da Câmara Municipal agradecer a presença de todos que nos prestigiam especialmente colegas familiares do Dr. Fernando Lucchese, funcionários do Instituto de Cardiologia e particularmente os pacientes do Dr. Fernando que aqui esteja, paciente de cirurgião, vivo e saudável mostra a competência do homenageado. A concessão de título de cidadania de Porto Alegre, com base na legislação do Município é dado a pessoas não nascidas na Cidade e que se destacam em seus ramos de atividades. É uma honraria prestada pela Câmara Municipal, e no caso do Dr. Fernando Lucchese por iniciativa do Ver. Wilson Santos obteve, como não poderia ser de outra forma a unanimidade desta Casa e hoje teremos, através do proponente e do Prefeito Olívio a entrega do Título e da medalha de cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Lucchese. E sem querer fazer trocadilho com a profissão honrada e a competência do cirurgião que hoje é homenageado; A partir da cidadania a Fernando Lucchese o coração de Porto Alegre vai bater mais forte, mais alegre.

Com a palavra, para saudar o nosso homenageado, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Exmo Ver. Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal; meu caro Prefeito Olívio Dutra; querido homenageado Fernando Lucchese e sua esposa Janir Lucchese; meu caro Valter Seabra, Cônsul Honorário da República Dominicana. Amigos e familiares do nosso querido homenageado Fernando Lucchese. Srs. Vereadores, meus senhores, minhas senhoras.

Vou para o meu sexto mandato como Vereador e nenhuma vez eu propus um Título de Cidadão de Porto Alegre, mas hoje eu sinto um pouco de inveja do Ver. Wilson Santos pela proposição justa, inteligente e absolutamente correta do Título de Cidadania de Porto Alegre a alguém do porte de Fernando Lucchese que tem sabido elevar o nome de Porto Alegre, o nome da medicina gaúcha além das nossas fronteiras. Realmente é absolutamente merecido o Título e por isso a unanimidade da Casa o aprovou. O Dr. Lucchese te, se destacado em todas as suas atividades em todas as horas do dias, tem buscado dar promoção à saúde eliminando a doença a até se antecipando á doença porque isto é a melhor forma de preservar a saúde. Com simplicidade, com competência, com tranqüilidade, com responsabilidade nós ouvimos o Dr. Fernando Lucchese falando no rádio, falando na televisão, dizendo para o homem comum tudo aquilo que ele deve fazer para que a sua saúde seja preservada. Isto não tem dia e não tem hora! Dr. Fernando Lucchese é um jovem, mas há de continuar muito tempo porque também é um homem inteligente e eu repito muitas vezes que os mais inteligentes não envelhecem, acumulam juventude e ao acumular juventude acumulam experiência e essa experiência que ele acumula e transmite com seu sorriso e com a sua seriedade e competência, faz com que todos nós tenhamos oportunidade de viver melhor. Então o nosso homenageado de hoje chega a este Plenário cheio de amigos e familiares e recebe uma homenagem, mas Dr. Fernando Lucchese sabe na sua simplicidade que ninguém recebe uma homenagem sozinho. Não fora a paciência da Dona Janir; a solidariedade da Dona Janir; o carinho da Dona Janir, o aplauso da Fernanda e do Patrick, talvez, ele tivesse aquele sorriso permanente que ele tem ali. Então, a família também está recebendo essa homenagem hoje; os amigos também estão recebendo um pouquinho desta homenagem porque o Dr. Fernando Lucchese é um médico e nós gostamos dos médicos até preferimos não utilizar os seus serviços mas nós gostamos muito deles e ele como médico sabe muito bem que se ele puder curar ele vai curar, vai fazer todo o esforço neste sentido; se ele não puder curar vai aliviar e se não puder ainda vai consolar e é isso Dr. Lucchese que nós queremos: que continue o mesmo jovem, sempre bem disposto, sempre pronto a auxiliar o seu semelhante, sempre preocupado com o seu semelhante e que Porto Alegre está lhe dizendo que acredita no seu trabalho e esta homenagem significa que Porto Alegre vai viver ainda mais nesse trabalho mas como eu disse a Dona Janir, a Fernanda e ao Patrick com este auditório maravilhoso, que estas pessoas sozinhas constituem, hão de dar os aplausos necessários para continuar sendo o Fernando Lucchese que é. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Omar Ferri que falará pela Bancada do PDT da qual é Líder nesta Casa.

 

O SR. OMAR FERRI: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Dilamar Machado; Exmo Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. Olívio Dutra; Exma Srª Janir Lucchese, esposa do homenageado Dr. Fernanado Antônio Lucchese, Srs. Vereadores, meus Senhores, minhas Senhoras, demais autoridades aqui presentes. É com muita honra que em meu nome pessoal e em nome da Bancada do Partido Democrático Trabalhista nesta Casa, do qual eu sou Líder, venho me associar a este Requerimento apresentado, no Plenário da Câmara de Vereadores, em boa hora pelo Ver. Wilson Santos, Líder da Bancada do Partido Liberal, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Antonio Lucchese, uma das maiores expressões do setor médico do Estado, do Brasil, homem que tem honrado seus concidadãos, seus colegas, sua família, sua comunidade, sua Cidade, seu Estado e porque não dizer também honra que é distribuída por todo este País, até em caráter internacional pelos seus valorosos e brilhantes estudos e trabalhos produzidos de caráter, profundamente, científicos e de grande valoração para a medicina de coração. Por isto que V. Exa. mereceu a consagração deste título, e merece muito mais, o aplauso da minha Bancada, dos cidadãos de Porto Alegre; parabéns ao senhor Dr. Lucchese, a sua senhora, parabéns que estendo a toda sua família, desejando muitos votos de felicidade, e vejo no seu semblante, na sua juventude que, ainda, este Estado haverá de lucrar muito pelo seu prestigioso trabalho em prol dos setores da cultura, da ciência e da medicina do nosso Estado. E, aqui, Dr. Lucchese, senhores e senhoras um demonstrativo das participações do Dr. Lucchese, médico, em Seminários, Encontros, em Simpósios, nesta Cidade, no Brasil, em locais internacionais. Vejo aqui no seu currículo com mais de 50 cursos especiais, quase 30 livros publicados e a participação de mais de 140 congressos em todos o mundo. Só por estes detalhes dá para se perceber a grande importância que tem este cidadão entre nós, e com relação à ciência médica em todo o mundo. Parabéns para V. Exa.. A Cidade de Porto Alegre se sente muito honrada; nos sentimos muito gratificados. Esta é mais uma solenidade muito histórica para nós, porque consegue com rara felicidade, destacar um dos membros mais brilhantes da nossa coletividade. Não apenas no setor médico, pois teve condições de verificar o trabalho empreendedor de Vossa Excelência no Instituto do Coração desta Cidade, readaptando e dando condições para que ele melhormente atendesse os objetivos que sua criação propôs. Vi o espírito altamente empreendedor de V. Exa., o reflexo dos seu ideais; vi que Vossa Excelência, além construir a sua vida em largas expressões de espírito, também constrói a grandeza da Cidade e a grandeza do Estado do Rio Grande do Sul. Parabéns a sua Senhora, Dr. Lucchese, parabéns à sua família, parabéns V. Exa. realmente é merecedor deste Título Honorífico de Cidadão que em tão boa hora esta Câmara lhe concede. Meu parabéns. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Giovani Gregol que falará em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre Ver. Dilamar Machado; Exmo Sr. Prefeito Olívio Dutra; Exmo Sr. e Srª Dr. Fernando Lucchese, motivo desta Sessão, agora e hoje; Vereadores, Autoridades, Senhores e Senhoras presentes: nós 33 Vereadores desta Casa, como fiéis e legítimos representantes eleitos do povo desta Cidade, portanto da nossa comunidade costumamos, às vezes, de tanto em tanto, prestar, através de homenagens e sessões solenes deste tipo, o nosso pendor, o nosso reconhecimento a figuras de todas as áreas de atuação humana que engrandecem a nossa Cidade. Elas, pelo seu trabalho, pela sua dedicação, pela sua existência. Mas sem dúvida, e sem demérito de outras, o Dr. Fernando Lucchese é, para nós, um especial motivo de regozijo. É uma honra para mim aqui falar não só em nome pessoal mas em nome dos Vereadores da Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, que é a Bancada, junto com a Bancada do PPS, que dá sustentação ao Governo, ao Governo Olívio Dutra, aqui presente, da Administração Popular. Quero fazer menção muito especial ao Ver. Clovis Ilgenfritz, que está presente, e que me disse ser seu amigo, de infância e de juventude, de sua família, mas que permitiu, por solicitação minha, para que eu pudesse fazer este discurso. Porque também desejo falar com o coração. O Dr. Lucchese, já tive oportunidade de conhecê-lo, pela imprensa, mas há onze anos atrás, já no Instituto de Cardiologia, chefiou a equipe que operou uma pessoa muito importante para mim, o Antônio Paulino Gregol, que é meu pai. E há poucos dias, o Dr. Lucchese, na quarta-feira da semana passada, pela segunda vez consecutiva operou Antônio Paulino Grego, meu pai, no mesmo Instituto de Cardiologia. E a nossa família, a família Gregol, já é sua amiga, freqüentadora do Instituto de Cardiologia, apesar de hospital não ser o lugar que gostemos de freqüentar. Mas não entramos no Instituto de Cardiologia com aquele medo, com aquele temor com que entrávamos antes, porque sabemos que os nossos parentes, os nossos amigos estão excelentes mãos. E a operação, como não podia deixar de ser, foi muito bem sucedida, apesar de complicada. E ontem ainda meu pai voltou a sua casa. Está muito bem neste momento, ele mandou um abraço ao Dr. Lucchese e disse: "Olha, guri, tu falas em nome da Bancada e manda um abraço lá para o nosso amigo, diz que está tudo bem comigo." Então estou cumprindo esta função da qual ele me encarregou. Mas vejam bem, eu conheço a obra, tenho esta felicidade de ter compartilhado com o Dr. Lucchese e conheço uma parte da sua obra, mas que parece expressiva, que é justamente o Instituto de Cardiologia. Nós sabemos que o Dr. Lucchese trabalha em outros lugares, nós sabemos que ele é reconhecido internacionalmente, mas quando nós entramos, por qualquer motivo, e freqüentamos o Instituto de Cardiologia, nós sentimos ali, no Instituto, uma parte das intenções, do trabalho, do dia a dia, do esforço do Dr. Lucchese e da equipe com a qual ele trabalha e que geralmente ele chefia naquele Instituto. Nós vemos que ali está um centro de alta tecnologia. Porque fazer o que é feito ali, o que se faz, as vidas que se salvam, desde crianças de algumas semanas de idade, há centenas, até pessoas de idade, como e o caso do meu pai, e quando não podem, quando têm recursos graciosamente, resolver aqueles problemas, salvar aquelas vidas, é necessário um aporte, um domínio de tecnologia muito grande. E hoje o Instituto de Cardiologia é o centro de referência, não só da América do Sul ou Latina, mas internacional nesta questão das cirurgias, dos tratamentos, enfim, das cardiopatias, principalmente através de recursos cirúrgicos. Só por isso nós já deveríamos render homenagem ao Dr. Lucchese, porque isso é muito, isso é demasiado. Isto é uma honra e uma felicidade para a Comarca de Porto Alegre, poder contar com um centro de excelência desta grandeza, e também saber que aqui, quando for necessário, os nosso parentes e até nós mesmos poderemos contar com esse serviço. Mas observando o que é feito lá, aquilo que nós menos assistimos com parentes nossos, nós vemos que, não só a frieza da razão da ciência ali se dá e impera, mas que também ela é equilibrada e temperada com um grande senso de humanismo, e isso eu quero destacar, porque é impossível realizar uma tarefa daquele tipo, fazer aquilo que é feito lá, tratar as pessoas daquela forma, salvar aquelas vidas, e são tantas vidas que se salvam ali, aos milhares a cada ano, de pessoas que duram, às vezes, décadas, de crianças, pessoas que vão vir a falecer, quando de idade, por outros motivos, e, resolvem totalmente as suas doenças cardíacas. E isso não poderia ser feito sem humanismo, para resumir-se em um grande sentimento de amor. E me parece, para concluir, que é disso, é deste exemplo, sobretudo, que o nosso mundo hoje, o nosso país, a nossa Cidade também tanto precisa, tanto carece, em tempos tão conturbados, de tanta violência, tanta confusão, tanta incerteza sobre o nosso futuro pessoal, dos nossos entes queridos e da nossa Pátria, e até digo isso como ecologista que sou, do nosso planeta. Porque nenhum homem é uma ilha e a nossa Cidade compartilha os destinos do nosso planeta Terra, que hoje não tem grandes perspectivas. Só através, no meu entender, desse equilíbrio entre a razão, a ciência, a técnica dominada pelo homem, e em função dele, equilibrada por um grande sentimento de amor por esta mesma pessoa humana que nós vamos conseguir ter um futuro, pelo menos digno, em futuro para nós e para as próximas gerações. E é em Fernando Lucchese que a Câmara de Vereadores enxerga um dos autores, um dos arautos deste tipo de proposta, deste tipo de teoria e mais de prática cotidiana.

Dr. Lucchese, parabéns ao Senhor parabéns a sua Senhora, a sua família, aos seus amigos, entre os quais nos incluímos, estamos todos de parabéns. Muito obrigado, que continue prestando serviços e fazendo o que o Senhor já faz e que gosta tanto de fazer. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Clóvis Brum, para falar em nome da Bancada do PMDB, de qual é Líder neste Legislativo.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Ilustre companheiro, Ver. Dilamar Machado, digníssimo presidente desta Casa; Exmo. Prefeito Olívio Dutra, prefeito de Porto Alegre; casal homenageado, Dr. Lucchese e Sra.; Srs. Vereadores; Srs. Convidados; Familiares do nosso casal homenageado; meus senhores e minhas senhoras, a nossa presença nesta Tribuna, é tão somente para em nome do PMDB, transmitir ao Dr. Lucchese a nossa saudação, os nossos cumprimentos e o desejo de que a sua caminhada continue a exemplificar a vida do médico, do homem chefe de família, da abnegação e do amor. Não poderia ter sido mais feliz o nobre Vereador Wilson Santos ao propor esta homenagem, porque Porto Alegre, através da Câmara Municipal, resgata ao homenageado o reconhecimento que já era notório internacionalmente. Quando a Cidade dá o título de cidadão a esse jovem médico, eu não tenho outros recursos, na humildade da nossa oratória, senão para frasear em partes Anjel Jara, e dizer Dr. Lucchese, examinando, imaginando aqui, onde mais pacientes do homenageado estão presentes, examinado, neste momento, onde muito médicos vêm lhe trazer a solidariedade, o reconhecimento e a homenagem, examinando, aqui, o que será do Dr. Lucchese no silêncio da sua cirurgia, quando suas mãos firmes, é verdade, mas a angústia na tentativa de salvar uma vida, aquela ansiedade, aquela luta de dar àquele ser humano mais um ano de vida, como será dramática este luta, e aí as suas mãos deslizam de tal maneira que, sem dúvida nenhuma, Dr. Lucchese se comporta como os pássaros que se orientam no meio das tormentas e das tempestades. Que extraordinário momento para o médico é este momento, em que ele, homem, em que ele, médico em que ele, pessoas humana dá tudo de si para salvar o seu próximo. A Cidade resgata com esta homenagem, Dr. Lucchese, aquilo que o exterior já conhece de competência, de capacidade, de amor, carinho, dedicação e de cultura, mas eu diria mais, Dr. Lucchese, nesta tarde verdadeiramente engalanada de triunfo, onde seu pai, sua esposa, sua família, assiste à Cidade de Porto Alegre ao homenageado, eu diria mais, para mim o Dr. Lucchese é o tipo daqueles homens que tem alguma coisa dos anjos, pela simplicidade dos seus cuidados, e aí eu acrescentaria, Dr. Lucchese, e muito de Deus, pela imensidão do seu amor, dizia o orador que me antecedeu, que o Dr. Lucchese, jovem Dr. Lucchese, pois eu digo a V. Exa. João Dib, realmente o jovem Dr. Lucchese na sua juventude tem a sabedoria dos anciãos e quando tiver na velhice terá a alegria dos jovens e a missão cumprida. A Cidade está contente, a homenagem é justa e V. Exa., Dr. Lucchese, ingressa no rol daqueles que recebem a cidadania da Cidade pelo desprendimento, pelo trabalho, pela humildade e pela grande obra que realiza em prol de seus próximos. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O último orador inscrito neste período da Sessão é o autor da proposição "Concessão de Título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Antonio Lucchese”, Ver. Wilson Santos, que fala em nome do Partido Liberal, do qual é Líder nesta Casa, também em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro e do Partido Popular Socialista.

 

O SR. WILSON SANTOS: Exmo Sr. Presidente da Câmara de Porto Alegre, Vereador Dilamar Machado. Exmo Sr. Prefeito de Porto Alegre, Dr. Olívio Dutra. Nosso caríssimo homenageado, Fernando Antonio Lucchese e esposa Janir.

Dia 26 de novembro de 1992: uma data que ficará marcada na história da Cidade de Porto Alegre - a concessão do título honorífico de Cidadão de Porto Alegre a Fernando Antonio Lucchese. (Lê.)

“A aprovação do Projeto de Lei que concedeu este título de Cidadão de Porto Alegre foi um dos atos mais perfeitos e justos levado a efeito pelo Parlamento da Capital gaúcha.”

Nesta contextura, onde a humanidade ressente o desgaste dos padrões éticos e morais. Campo receptivo para o crescente aumento da corrupção, da burla e da hipocrisia, há que se esforçarem os homens de bem, para reverterem esta situação.

Uma das iniciativas, por singela que pareça, para o resgate do bons padrões de comportamento humano é provar que nem tudo está perdido, que ainda vale a pena lutar, que a decência, a dignidade e a honradez ainda existem.

Deus deu-me a necessária inteligência e a oportuna e correta inspiração para buscar um bom exemplo de virtude humana, para exibi-lo como exemplo aos que desejam construir uma sociedade melhor.

São Mateus, capítulo 23, versículo 25 a 28: "Aí de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpai por dentro o copo e estais por dentro cheios de rapinas e impurezas! Fariseus cegos, limpai primeiramente o interior do copo, a fim de que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, que vos assemelhai a sepulcros branqueados, que por fora parecem belos aos olhos dos homens, mas que por dentro estais cheios de podridões. Assim, pelo exterior parecei justos aos olhos dos homens, mas por dentro estai cheios de hipocrisias e indignidades."

Nesta lição moral de Cristo, nesta linguagem metafórica está um chamamento de atenção para a eliminação das hipocrisias, das falsas aparências, razão da minha convicção de acerto ao propor a Câmara de Vereadores o nome de Fernando Lucchese.

Fernando Lucchese, tu és copo limpo por dentro e por fora. Teu conteúdo humanístico é grandioso; teu exemplo é construtivo. A Cidade de Porto Alegre só pode orgulhar-se de escolher tão notável cidadão, que através do seu trabalho profissional tem levado o nome da Cidade além-fronteiras do país.

O bom currículo de Fernando Lucchese é por demais extenso e eu faço, aqui, apenas alguns registros - se bem que dois registros já foram feitos pelo Ver. Omar Ferri - : mais de 50 cursos específicos; 28 livros publicados; 125 publicações técnicas em períodos; 76 trabalhos em eventos científicos; 203 trabalhos publicados; 134 participações em congressos no Brasil e 39 no exterior; proferiu 200 conferências no Brasil e 23 no exterior; foi realizador da primeira cirurgia de coronária no Rio Grande do Sul em 1970; um dos idealizadores do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul em 1970. Um dos idealizadores e criadores do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Em 1989 recebeu em Porto Rico o Prêmio "Young Investigatin Award". Destaque também no Jornal do Comércio em 1990.

Tão certa estava a nossa proposição, tão correta estava a decisão desta Casa, que concedeu o Título por unanimidade, que recentemente a Associação Médica do Rio Grande do Sul concedeu o Prêmio Destaque Médico 91/92 ao nosso homenageado. O olímpico trabalho de Fernando Lucchese está todo ele ligado à preservação da vida humana. Lucchese, não reivindicaste este Título; tu o mereceste e o conquistaste ao amealhar na tua vida todos esses méritos. Eu tenho um orgulho particular de ser autor e ter acompanhado a tramitação do Projeto de Lei nesta Casa. e eu pude ver agora num conteúdo político. Eu, como liberal, que mantive tão acirrados debates e tantas iniciativas polêmicas na intransigente defesa da livre iniciativa, da economia de mercado; tanto da inexistência de privilégio para que exista igualdade de todos perante a lei, para diminuir o gigantismo do Estado e não sobrecarregar tanto os ombros dos contribuintes com pesada carga tributária. Em muitas iniciativas que nós tivemos aqui, muitas vezes nos digladiamos acirradamente até com animosidade; discutimos. Brigamos, isso foi exercício da democracia. Mas o que eu quero dizer a todos os presentes é que quando eu citei o nome de Fernando Lucchese, eu pude ver que cessou tudo, quando a antiga musa cantou, quando um valor maior se levantou. Porque não houve de nenhuma corrente política  o menor  senão, houve uma unanimidade absoluta. O Parlamento da Capital Gaúcha se curvou, como quem se curva genuflexão diante da grandeza de Fernando Lucchese. O Projeto foi aprovado por unanimidade. E puderam todos aqui aquilatar pelos oradores que aqui estiveram, sejam eles liberais, estatizantes, socialistas, não importa, que a bandeira maior que tremulou aqui foi da justiça que se fez ao homenagear e se entregar o Título de Cidadão de Porto Alegre a Fernando Antonio Lucchese.

Receba-o, Fernando Lucchese, este Título de Cidadão Honorífico, de Cidadão de Porto Alegre é teu. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Neste momento eu convido a todos os presentes para que em pé possamos assistir à entrega do Título e da Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Fernando Lucchese e convidando para tanto, respectivamente o Ver. Wilson Santos e o Prefeito Olívio Dutra.

 

(É procedida a entrega do Título e da Medalha ao Dr. Fernando Lucchese.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra, com muita honra, aos Cidadão de Porto Alegre Dr. Fernando Lucchese, recomendando a S. Senhoria que controle o coração.

 

O SR. FERNANDO LUCCHESE: Exmo Sr. Presidente, Dilamar Machado, Sr. Prefeito Olívio Dutra, Sr. Diretor-Presidente  do Instituto de Cardiologia, Professor Ruben Rodrigues, meu mestre, Diretor do Instituto de Cardiologia, Dr. Iran Castro, Dr. João Polanezyk, da Santa Casa de Misericórdia; Professor Hens Sille, Diretor do nosso Colégio Farroupilha, já parte da minha família; nosso Presidente da Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul, meu caro amigo José Ernesto Pascoto; nosso Diretor Regional do Unibanco, anteriormente Presidente do Banrisul, Dr. Ricardo Russowski. Eu vejo também ao fundo meu caro amigo Marchezan que me dá muita alegria em estar comigo hoje e vejo muitos amigos. Vejo funcionários dos hospitais onde eu trabalho, companheiros de trabalho de muitos anos. Vejo colegas médicos do Instituto de Cardiologia, aquela equipe que há tantos anos constrói a Cardiologia do Rio Grande do Sul. Vejo meus jovens colegas do Hospital São Francisco, do Hospital Mãe de Deus. Meus familiares. (Lê.)

“Chego à esta tarde e a esta Casa para receber o título de Cidadão porto-alegrense após 27 anos de convívio com esta Cidade e sua gente. É uma longa história de amor e encantamento que se concretiza agora, no momento em que sou formalmente aceito como cidadão da Cidade que me adotou. Durante anos fui guiado, amparado e suportado por muitas pessoas. Algumas já desapareceram, outras estão presentes aqui nesta sala e ainda outras esperam nos bastidores o seu momento de cena. Mas a todos devo muito e quero dividir com elas esta homenagem.

Em Farroupilha, onde nasceu meus pais transmitiram-se o que havia aprendido de seus antepassados imigrantes italianos, ascendência que me honra sobremaneira pelo respeito ao trabalho e à dignidade do comportamento. Com meus pais aprendi os princípios da religião que me levaram dos 10 aos 14 anos ao Seminário Nossa Senhora Aparecida em Caxias do Sul onde recebi na idade correta formação humanista e cultura religiosa que tem sido útil a mim e a meus pacientes.

Sorte ou coincidência tiraram-me de uma carreira diplomática em perspectiva, lançando-me ao mundo fantástico da cirurgia cardíaca. Preparava-me para o exame de admissão do Instituto Rio Branco, o primeiro degrau na formação de diplomatas. No curso pré-vestibular em Curitiba  um jovem professor de biologia discorreu sobre circulação muitos familiares aqui presentes me dando muita alegria, meus caros Vereadores, sem dúvida precisa ter coração muito forte para agüentar uma cerimônia dessas, minhas senhoras e meus senhores, extracorpórea, a forma de atuar dentro do coração sem perda de sangue, permitindo a correção de defeitos cardíacos. Foram para mim minutos de encantamento que mudaram minha vida. No dia seguinte o mesmo professor levou-me à Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná para assistir o procedimento feito em um animal de laboratório, um cão. Voltei para a Casa e comuniquei aos meus pais atônitos que eu faria cirurgia cardíaca e por isto seria médico. O jovem professor chamava-se Décio Kormann, é hoje a maior autoridade latino-americana em marcapassos cardíacos e faz parte da equipe cirúrgica do Dr. Adib Janete, mestre de todos nós.

A sorte e o amor fizeram-me encontrar Janir com quem casei. Ela se tornou para mim exemplo de companheira constituindo-me um lar impecável e dando sentido e objetivos claros para a minha vida.

Janir presenteou-me com Patrick e Fernanda, minhas duas jóias mais preciosas que me estimularam a trabalhar incansavelmente para servir-lhes de exemplo e merecê-los como pai.

A vida tem sido generosa para mim pois me trouxe a este dia cercado por tantos amigos para receber a cidadania da Cidade que adotei. Esta Cidade que acompanho diariamente no seu florescimento de idosa menina, na qual me fiz profissional, tendo aqui chegado no dia do vestibular para a Faculdade de Medicina. Porto Alegre significa para mim, medicina, a minha profissão. Foi aqui que em 4 de dezembro de 1970, com a idade de 22 anos recebi o diploma que me permitiu conhecer tão de perto a tantos porto-alegrenses. Foi aqui, que desempenhei a minha vida médica no Instituto de Cardiologia desde a sua construção em 1969, e ao qual dediquei e ainda faço, a parte mais produtiva de minha vida, como quem  finalmente encontrou sua Casa. Minha vida profissional em Porto Alegre faz-me atuar em outros hospitais. No hospital Nossa Senhora Conceição onde organizei e inaugurei o Instituto do Coração em 1975, no Hospital Mãe de Deus onde ainda atuo e onde organizei e dirijo o Serviço de Cardiologia. E finalmente no Hospital São Francisco da Santa Casa de Misericórdia onde sou Diretor, após tê-lo transformado em Hospital de Cardiologia, já o 2° centro da especialidade no Estado.

Tive a sorte de encontrar no meu caminho bons professores, colegas sérios, dedicados, bons profissionais, que me estimularam a crescer. Nosso grupo cirúrgico do Instituto de Cardiologia trabalha e convive há quase 25 anos. Introduzimos juntos em nosso meio alguns dos avanços da ciência médica que beneficiaram a mais de 13 mil pacientes operamos ao longo destes anos. Mais recentemente no Hospital São Francisco cercado pelos mais jovens, tenho aprendido novas lições de trabalho e confiança no futuro.

Não posso deixar de mencionar os funcionários de todos os níveis, principalmente do Instituto de Cardiologia e Hospital São Francisco. Fui cercado pelo carinho e amizade de todos, vejo tantos deles aqui presentes hoje, eles tornaram minha luta muito mais fácil. Meu sucesso é o sucesso deles. Uma parcela importante desta homenagem lhes pertence.

Nós médicos privilegiados pois somos pagos pelo sentimento mais nobre, que é o da gratidão. Acompanhamos pelo resto da vida a confiança e a admiração de nosso pacientes. Não a recompensa material que supere este sentimento. O paciente é o centro da nossa atenção, o motivo principal de nosso trabalho e da busca do conhecimento. Por isso quero dividir com meus pacientes a homenagem que recebo hoje. E pelo número deles que vejo aqui, nesta sala observo com alegria que eles também reconheceram esta homenagem como sua.

Meu prezado Vereador Wilson Santos.

Trazido a esta Casa e a este momento edificando e festivo por suas mãos, confirmo a admiração e o respeito pelo seu trabalho e pelas suas idéias, as quais V. Exa. defende de modo incansável e meritória. Ouvindo a manifestação de seus colegas de outros partidos sinto crescer minha responsabilidade de homem e profissional, agora cidadão da Cidade que me abrigou. Espero que a indicação de meu nome para esta harmonia, a qual aceito com humildade, traga-lhe por todos os anos futuros satisfação e orgulho. Não descansarei para que isso aconteça.

Sr. Prefeito Olívio Dutra. é uma honra para mim receber esse título de suas mãos, um cidadão correto, um homem simples com uma sensibilidade social incomum. Senhor Presidente Dilamar Machado. Meus caros amigos Vereadores de diversos partidos que compõe a presente Legislatura. Esta Casa tem sido a guarida dos humildes e isto a dignifica. Os mesmos pobres e humildes com quem nós médicos convivemos no dia a dia de nossos hospitais. A missão que médicos e políticos em um País carente é em tudo semelhante. Estranho país em que o exercício pleno da cidadania é limitado pela fome e pela doença. Respeito e admiro seu trabalho, na medida que o entendo e o valorizo. Numa sociedade como a nossa as pessoas que dispõe de instrumentos devem colocá-los à serviço da comunidade. Nós médicos com o conhecimento da cura e os senhores com o poder de estender o manto protetor da lei sobre quem dela necessita o amparo. Agradeço suas palavras e invoco a benção de Deus e a inspiração divina para que seus atos e decisões aliviem o sofrimento dos humildes.

Impossível neste momento não enfocar o triste quadro da saúde em nosso País. Com um ministério combalido dirigido em 10 meses por três ministros diferentes e, pior do que isto, sem orçamento próprio, não seria de esperar qualquer sucesso. Saúde e educação tem sido assunto para propaganda eleitoral não saindo, porém, do discurso para a ação. O mau exemplo inicia com nossos presidentes que nos discursos de posse nas duas últimas décadas invariavelmente centraram no homem, na sua saúde, na sua educação, na recuperação da sua dignidade a meta principal do Governo mas não a implementaram na prática. O ministério mais forte sempre foi o da Economia, enquanto que o da saúde não dispõe de orçamento próprio, o que equivale a dizer que o lobby da doença é insignificante. No entanto, nem por isso ocorreram acertos na área econômica a considerar o seu desempenho nos últimos 5 anos, com 10 ministros, 5 planos fracassados e 3 milhões por cento de inflação.

Infelizmente as doenças dos países pobres exijam tratamento caros e como conseqüência maiores investimos no setor. A infecção das amídalas leva à febre reumática, já erradicada no primeiro mundo e ainda o mais grave problema de nossas crianças, pois como conseqüência válvulas cardíacas são destruídas gerando ao longo da vida a necessidade de sua substituição por uma prótese artificial. Calcula-se que mais de 800.000 brasileiros necessitam de cirurgia para lesões valvulares cardíacas, sendo que muito poucos terão acesso a ela. Infecções renais obrigam o uso de programas caros de hemodiálise para filtragem do sangue e mais de 500 brasileiros morrem por mês por não terem acesso ao tratamento. Estima-se que 80.000 deveriam estar em hemodiálise enquanto só 18.000 se beneficiaram dela.

O quadro é mais grave ainda se falarmos nas epidemias que voltaram a assolar o País após estarem muitas delas erradicadas.

As estatísticas mais otimistas indicam a presença entre nós de 14 milhões de esquitossomáticos, 8 milhões de casos de malária, 800.000 leprosos, sem falar nos 30.000 aidéticos e nos 4.000 casos recentes de cólera.

Por falar em cólera, sua invasão do continente sul-americano caracteriza bem a inversão de prioridades e o descaso pela saúde. O presidente do Peru na época, Alan Garcia comprometeu grandes recursos e empréstimos internacionais na construção de um trem elétrico que cortaria o país. A enorme dívida existente gerada por esta e outras equivocadas levou à suspensão dos investimentos em saneamento feitos pelo Banco Mundial que já há mais de uma década financiava a construção de estações de tratamento de água. Pois uma das primeiras obras canceladas foi justamente a estação hidráulica da pequena vila de pescadores onde a cólera iniciou, dizimado milhares de peruanos e terminando por invadir o Brasil.

Existem no Brasil 10 milhões de chagásicos. A doença de Chagas destrói o sistema elétrico e muscular do coração, muitas vezes levando à necessidade do implante de um caro marcapasso cardíaco. Aqui são feitos 60 implantes anuais de marcapasso por milhão de habitantes, enquanto nas populações do 1° mundo onde o Chagas não existe, ocorrem mais de 200 implantes por milhão de habitantes que é situação ideal. Estes números deixam a descoberto a evidência de que milhares de pacientes chagásicos simplesmente morrem sem o tratamento adequado.

Seu um caos maior não se estabeleceu no sistema é unicamente pelo esforço pessoal dos membros da equipe da saúde, dos médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, farmacêuticos, administradores, etc. Estes indivíduos levam para além de suas forças seu compromisso profissional, mas não passam de timoneiros de um barco à deriva, lutando por adiar o naufrágio. E nem sempre são compreendidos. Quase nunca obtém reconhecimento público e geralmente recebem a culpa pelas ineficiências do sistema numa clara confusão de responsabilidade. Mas isto é compreensível pois tradicionalmente a humanidade crucifica seus santos vivos e venera seus santos mortos.

Senhores e Senhoras. Apesar de tudo o País dos nossos sonhos ainda pode ser construído, no exercício da cidadania, nos nossos atos diários de amor por esta terra, no cumprimento da lei, na busca de seriedade de propósitos, no trabalho digno e ardoroso. Duas metas devem ser claramente definidas:

Primeiro: manter a fé na nossa gente, no nosso potencial, no nosso futuro.

Segundo: lutar de todas as formas pela preservação da liberdade que é um anseio intrínseco do ser humano. Liberdade de opção, liberdade profissional, liberdade de mercado, preservação da livre iniciativa em todos os campos, inclusive na área da saúde.

Eu vejo em minha frente um grande País. Soberano, altivo, protetor com suas crianças, misericordioso com seus doentes. Vejo um País onde os hospitais públicos serão cada vez mais competitivos, prestando sua colaboração ao atendimento da população, e onde os hospitais privados terão estímulos para o crescimento e atualização. Vejo um País onde a saúde e a educação serão realmente prioridades, a paternidade consciente limitará a natalidade, os bens gerados poderão ser distribuídos mais equanimente. Vejo um país de uma nova geração educada em escolas de atendimento integral à criança e ao adolescente. Vejo um país com menor mortalidade infantil e com sobrevida média maior do que os atuais 65 anos. Sem discriminação, sem culto à miséria, sem hipocrisia, sem mentiras. Vejo um país de homens dignos, de governantes e políticos sérios e competentes. E vejo neste país o partido único da saúde e da educação reunindo os homens de bom senso, de todos os credos políticos ou religioso. Este é o país que nós todos queremos e que deveremos começar a construir hoje mesmo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Dr. Fernando Lucchese, a Câmara Municipal de Porto Alegre vive, indiscutivelmente, neste final de tarde um momento extremamente importante, e como Presidente, e como participante da vida pública deste País, há muitos anos, observei um por um dos discursos, e me surpreende a clareza, a lucidez e a profundidade com que o médico, da competência do nosso Cidadão, Fernando Lucchese, percorre os caminhos que normalmente nós, políticos, percorremos. Dr. Fernando demonstra profundo conhecimento deste País, do seu povo e eu gostaria em nome dos Vereadores de Porto Alegre, e acredito que em nome da Cidade, com a permissão do Prefeito Olívio Dutra, dizer que V.Exa. juntamente com o Prof. Ruben Rodrigues, Dr. João Schmidt, para citar entre tantas autoridades médicas e da área da saúde, presentes nesta Sessão, dignificam este País, esta Cidade, este Estado, pela luz própria que têm e pela visão de deixar o discurso de V.Exa. a esta Casa, nos Anais da Câmara Municipal, o caminho de proteção às populações humildes desta Cidade deste País, sem dúvida a Câmara recolhe no discurso do Dr. Lucchese profundo ensinamento de reflexão e retribuímos para que a Medicina em nosso País, com todos os problemas que enfrenta continue tendo este pensamento de figuras tão ilustres como o novo cidadão desta Cidade Fernando Lucchese. Para encerrar a Sessão convido aos familiares amigos, colegas e clientes do Dr. Lucchese que podem cumprimentá-lo junto a mesa dos trabalhos.

Declaro encerrada a Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h25min.)

 

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